martes, junio 01, 2010

(...cont)

ELCA – Tens segredos que tu estás escondendo, né?

Etienne – Claro, ou deixam de ser segredos.

ELCA – Tua filha é filha de algum famoso?

Etienne – Não, é minha filha, e pronto, e mesmo que fosse, não contaria.

ELCA – Podes citar nomes, ou preferências?

Etienne – Vamos ver se não nos complicamos... Sabe uma música que chama "Paixão"?

ELCA – Sei, sei sim...

Etienne – Foi feita para mim, tenho os manuscritos e tudo. Nesta época eu gostava das bandas gaúchas.

ELCA – Tem mais na cena gaúcha?

Etienne – Tem sim, na cena gaúcha tem muita gente, entre homens e mulheres, sempre tive preferência por bateristas e baixistas. Vocalistas eu gostei de vários, mas são meio fracos de "espírito". Escrevi muito nestes anos, junto com os irmãos Ramil, Hermes Aquino, alguns foram meus colegas na PUC. Na cena nacional, acabei saindo umas vezes com o Sidney Magal, que é um desbunde na cama, todo aquele fogo latino que ele apresenta é real. Mas, claro, sem ser do rock, não pontua. Beijei o Cazuza quando fui ao Rock in Rio 85, a morte dele foi uma perda muito grande... Eu sofri muito, e depois com medo de ser soropositiva, mas não, não sou, graças a Deus. Quase morri até pegar os exames. Tu sabes que em oitenta e cinco a gente nunca pensava em usar camisinha, mas assim que o Cajú morreu, comecei a usar com frequência, sempre.

ELCA – Mas engravidou.

Etienne – Sim, depois do teste apresentado pelos dois.

ELCA – Mostra fotos?

Etienne – Com certeza


Neste momento se vê uma mulher de quarenta anos revivendo a história, cuidadosamente ela pega uma caixa de dentro de uma estante e começa a mostrar fotos


Etienne – Olha, o pessoal do Biquini Cavadão, nossa, fui muito apaixonada pelo Bruno Gouveia, mas não dava certo, ele era apaixonado por uma moça já há muito tempo, acabei sempre ficando com o Álvaro que depois virou um grande amigo. Cássia Eller, olha... Nossa a Cássia era um guri, sempre dando uma cantadinha, mas super tímida, essa banda sempre foi ótima. Acabei ficando com o Fernando Nunes, ótimo baixista, mas tinha umas manias bizarras, e não era tão mais velho do que eu... Fiquei com ele muito antes dele tocar com a Cássia, acabei reencontrando nesse dia. Olha eu na Argentina, que país!

ELCA – Nasceste lá, não é?

Etienne – Sim, sim, e lá eu tive muitos encontros interessantes. O Charly, sim o García, sempre queria me ver nua, me tocava muito pouco, mas estava sempre tão drogado que não tinha condição.

O Gringui Herrera eu fiquei num dia muito particular, fizemos uma festinha com Gullermo Vadalá. Foi um belo encontro. Miguel Cantilo também, olha aqui... É na casa dele depois de um concerto no Luna Park. Um dia conheci os Delírios del Mariscal... Que era o tecladista de uma banda que já estava extinta, chamada Crucis. Olha "qué hermoso" mas ele era bissexual, pra mim era bom, acabava eu com dois homens, só nunca gostei de estar com um homem e mais uma mulher, aí não. Sou muito possessiva.

ELCA – E mais longe?

Etienne – Sim, sempre. Quando morei em Londres, sempre fazia festas com roqueiros ingleses, inclusive brasileiros perdidos, cheguei a ficar um final de semana em Glastonburry cheia de gente conhecida, cheguei a ter contato com Jack Nicholson e Jimmy Page. Contato íntimo. O Jimmy Page é tarado e muito engraçado. Depois morei um tempo na América Central, mas já estava velhinha. (risos)

Assim que para não me incomodar, uma dia depois de milhares de ligações, pedidos absurdos, imagina que tinha um famoso, e eu não vou citar, me mandou as passagens, e queria que fosse viver com ele na ilha. Não com ele, mas em um apartamento, que eu, inclusive ajudei a decorar, nós éramos noivos e tudo, mas um dia eu cansei. Queimei o passaporte... Sabe a música do Calamaro? "Te vi quemando el pasaporte com rabia..." Claro que também tivemos uma história eu e ele, mas Andrés sempre foi meu amigo, acabou compondo muitas coisas para mim, eu sou "media Verónica" e tantas outras coisas.

ELCA – E depois disso?

Etienne – Nesse meio tempo estudei, namorei sério, noivei algumas vezes e tive a minha filha. Casei, não com o pai dela, e por amor, mesmo. Me formei, tenho meu trabalho, cuido da minha casa e das minhas plantas. Escrevo muito, se me sobra inspiração. Senão, cuido dos meus negócio, administro a nossa vida familiar.

ELCA – Teu marido te conheceu assim?

Etienne – Me conheceu num show. Mas eu já tinha parado com "o crime" (risos)

ELCA – Ele é músico?

Etienne – (risos) É, em partes.. Podemos pular esta pergunta?

ELCA – Entendi, tem alguém que faltou?

Etienne – Tu sabes que figurinha repetida não completa álbum, algumas eu repeti e me faltou foi o tempo. Sempre tive uma queda pelo Gustavo Cerati e pelo Fito Páez, beijei, mas só... O que me deixou na vontade foi o Spinetta. Que é um gênio. E eu encontrei algumas vezes em casas de amigos, mas, nunca deu certo, de repente eu não fazia o tipo dele.

ELCA – Tem ainda contato com alguém?

Etienne – Sim, com quase todos esses, mas bem esporadicamente. Eu casei, eles casaram. Às vezes a gente se encontra ainda, mas em rodas sociais.

ELCA – E são encontros naturais, o teu marido não tem ciúme?

Etienne – Nós não falamos muito sobre isso, e pronto. Se ele tem ciúme ele disfarça, claro que sei que tem, mas não dou certeza, ele sabe que sim, mas eu não respondo. Digo que tem que ter orgulho, os roqueiros bons que eu fiquei e conheci são pessoas que tem muita estima por mim, e o contato íntimo foi só um detalhe. Se eu fiz, foi porque eu podia fazer.

ELCA – E parou?

Etienne – E faz tempo, muito tempo. Não quero ser caricata, nem ridícula, groupies tem no máximo vinte e cinco anos, talvez alguma seja interessante com trinta, não sei, mas se são as mais ousadas, e mais saideiras, que bebem e dão vexame, fica muito feio...

ELCA – Algum outro ramo das artes?

Etienne – Aiaiaiai, não me complica, guria. Sim. Sempre fui intelectual, e transava com gente inteligente pra ver se absorvia alguma sabedoria. Amei alguns escritores, cineastas, filósofos. Mas aí é mais história... E podemos conversar sem esse gravador, né?

ELCA – Entendi... (risos)

Assim desliguei o gravador e me deliciei com dedicatórias, fotos, livros recortes. Ela termina olhando uma foto e dizendo:


"As melhores fotos são tiradas por fotógrafos que nos amam, e nós nem precisamos amá-los"


3 comentarios:

Anónimo dijo...

legal!!!!!!!!!!

Anónimo dijo...

Também achei, inclusive achei sexy.. grr

Lobita dijo...

Bah, vocês gostaram... Quem bom, me deixa feliz. Mas é ficcional... Puramente!