martes, junio 29, 2010

Nem um centavo furado

Tem gente que vale muito.
Tem gente que vale nada.
Tem quem valha uns vinténs.
Gente que machuca a raiz.
Tem gente que faz doer a alma.
Acorda o diabinho encarcerado.
Lá das profundezas ele acorda
Vem correndo, todo feliz
Desesperado por combate, diversão e cigarro:
"Vem aqui, e na tua cara eu escarro!"
Tem gente que mexe com coisa boba
Outros mexem com coisa séria.
Trata sentimento com pouco caso.
Não sabe do que se trata?
Sabe sim, és feito do mesmo barro.
Tem gente que bate na gente.
Tem o dia que a gente se revolta
Se revolta e bate também.
Mas não assim de mansinho
Como quem quer bem.
A gente bate em gente que não vale nem um vintém.
E aí, não tem lei que condena
Não tem respeito e não tem doçura.
Tem rancor pavor e pânico
Encharcados de loucura.
Apanha o que vale muito,
Apanha o que nada tem.
Merece muito apanhar
Quem não vale nem UM vintém.

jueves, junio 24, 2010

En el baño de un hotel - Fito Páez

Me mordiste la mano con rabia
en el baño de un hotel
vomitabas el odio del mundo
esa noche me enamoré.

Esa cruz que llevás
en la espalda
te la voy a quemar
sos la chica más loca del barrio
y se te hace muy duro amar.

Lo volviste a hacer otra vez

 lo que te hace bien, te hace mal 
parecés una "flaca de exactas"
explicando
lo que no hay que explicar.

Entre todas sos muy especial
me gusta tu desprecio
no te vayas a equivocar
yo ya se que no tienes dueño.

Vos sabés que te puedo lastimar
vos sabés lo que mas me tienta
Verte desnuda, abierta
sobre mi cama

 gritando y pidiendo más 
y que me rompas la remera
de mi otra novia
de un tiempo atrás.

Estoy siempre con vos
aunque no esté con vos
my Love.
Los muchachos
se quedan helados
cuando la ven pasar
las muchachas la quieren matar
y comerle la boca.

Cuando te veo
tan triste y tan sola
rebotando por la ciudad
con tu pollera
y la mirada perdida
sin que nadie te pueda amar.

Yo clavé mis ojos
en vos
y te voy a llevar al sol
no te vayas a equivocar
yo te voy atrapar mi amor


Fito es un grande! Si yo tuviera 16 años estaría segura de que compuso esta canción para mi.
Porque yo solía ser su "muchachita punk".

domingo, junio 20, 2010

Silueta Porteña

Milonga 1946

Música: Nicolás Luis Cuccaro / Juan Ventura Cuccaro


Letra: Ernesto Nolli / Orlando D'Aniello

Cuando tú pasas caminando por las tardes,
repiqueteando tu taquito en la vereda,
marcas compases de cadencias melodiosas
de una milonga juguetona y callejera.
Y en tus vaivenes pareciera la bailaras,
así te miren y te miren los que quieran,
porque tú llevas en tu cuerpo la arrogancia
y el majestuoso ondular de las porteñas.


Tardecita criolla, de límpido cielo
bordado de nubes, llevas en tu pelo.
Vinchita argentina que es todo tu orgullo...
¡Y cuánto sol tienen esos ojos tuyos!
Y los piropos que te dicen los muchachos,
como florcitas que a tu paso te ofrecieran
que las recoges y que enriedas en tu pelo,
junto a la vincha con que adornas tu cabeza.


Dice tu cuerpo tu arrogancia y tu cadencia
y tus taquitos provocando en la vereda:
Soy el espíritu criollo hecho silueta
y te coronan la más guapa y más porteña.


viernes, junio 18, 2010

Lost in translation.

Amei!
New York por baixo e Tóquio por cima, ambos da Risqué.
Qual é o filme???










Fica um loosho beesha.
Um é cintilante e o outro não e juntos eles ficam ótimos

lunes, junio 14, 2010

BookCrossing

BookCrossing foi a boa do final de semana. Sem registros, sem apegos.
Lucía se chocava ao ver os livros da bruxinha na estante da casa da sogra.
Arrepios de nojo. Asco. (Achava que sairia sebo dos livros, gordura e flacidez, quem sabe eles guardavam uma maldição?) Ele sugeriu fazer uma fogueira. Mas Lucía não gostava da ideia de queimar a Ilíada, livros didáticos, Dickens, e outros clássicos.
Juntou tudo, levou-os a uma praça na frente de uma escola. Eles ficaram lá, imóveis, parados
sobre as mesas com tabuleiros de damas.
No parque grande, aquele em que tanto passearam naquelas quentes manhãs de verão, Lucía, com a ajuda do marido, espalhou os livros sobre os bancos, onde os punks cantavam músicas que eles não sabiam cantar.
Fez questão de deixar os nomes nas folhas de rosto.
Como não estavam nunca na casa da sogra, os pertences da ex, aquela gorducha (e os livros eram o melhor que pudera oferecer) ficaram adormecidos na estante. Mas Lucía não passa por uma estante de livros sem tocá-los, e isso dava nojo. Melhor a estante mais limpa. E assim ficou.

miércoles, junio 09, 2010

amor e reciprocidade

me preocupo com o que eu sei e não sabes
com tua instantânea solidão e falta de amor
me magoa que eu não te queira e tu me queres
insulta tua falta de saber não saber
tua presença infla o ego
eu sei que vens e sentes, e olhas ultrajada.
por que me buscas assim, anonimamente?
aquilo que tiveste, passou e já se vai
aquilo que é meu, tenho e aqui está
fazes parte de algo que doeu e nem ao menos dói mais.
tudo passa como brisa de outono
como a fúria de uma chinchila
toda a destruição é pouca
me toca saber que antes eu era rival
agora estou no pedestal
e me idolatras, me segues, persegues...
sim, tu lês, buscas e esquadrinhas...
desejando quem sabe ver fotos, rostos
ouvir vozes, sentir o cheiro.
perguntar houvesse sido normal.
sabes de mim o que precisas saber
nem mais, nem ontem.
sabes de mim o hoje,
tu sabes de mim, suor.
pensas espertezas sinceridades e destrezas
ousas e já não tens controle do impulso curioso
curioso e infantil
teu amor por mim,
o reflexo de amar quem é amado por aquele que já não nos ama
amar o objeto de amor, maior do que fomos
daquele a quem amamos (no passado ou presente)
sorver com admiração alguma seiva, algum deslize
algum escape que mostre
onde vão as pessoas que caminham depressa?

Medium - Gustavo Cerati

Pude desaparecer
pude decir que no
pero el fin de la pasión
es que lo oculto se vea
vine a avisarte

Chica con ojos de ayer
sé que vibrás también
la extraña sensación
de no pertenecer a este mundo
como en un trance

Ya tantas veces morí
nunca me pude ir
el arte de vivir
por encima del abismo
estoy condenado a errar
(de amor en amor…)

poseídos por el más allá
poseídos por el más allá


Te cuento algo íntimo. Por que sé que no venís para simplemente leerme y no "desmenuzarme".
"Tómate el tiempo en desmenuzarme... Come de mi carne"
Desde que sufrió un accidente vascular cerebral o un infarto cerebral, o lo que sea, es como si yo esperara por notícias de alguien de mi familia. Gustavo Cerati a quien cariñosamente llamamos "Gus" está lleno de esa genialidad, de esa mediunidad, sensibilidad, y he creado tanta admiración, y siento esa identificación proyectiva tan fuerte que es como si fueramos novios, amigos, hermanos, enemigos.. no sé, pero íntimos.
De muchos momentos, de amores, desamores, rabias, ganas... Los días en que lloraba acostada al frío piso del departamento, o mientras me emborrachaba en el bar, fumando un faso, un Marlboro (rojo entonces..) Los días en que no quería comer, los días en que me daban ganas de comer hasta una puerta. Cerati estuvo conmigo. La música es así. A veces digo: "Es tan lindo que me dan ganas de morir." No, no soy suicida. No me gustan esas boludeces, pero encontraba en las cosas que escribe y canta cosas que yo quisiera haber escrito y cantado. Entonces, unilateralmente nace un compañero, cálido, tierno, suave, rencoroso, amargo... Es un amigo que no te pregunta, que no te pide nada... Te ofrece fuerza, te ofrece amor, agarra a todo eso y viene compartirlo... Y te alimenta con todo eso. Se convierte en alguien de tu familia, y ya está, tiene un patatuz y yo me quedo comiendo las puntas de los dedos, arrancandome el pelo, lloriquendo por los cantos. Quiero que esté bien. Solo eso. Hay algunos para los cuales la comida es necesaria, y sí, lo es, hay otros para los que es necesario el aire, y eso también lo sé, pero, para mí, la música es igualmente necesaria. Aún más en esa "ciudad de la furia", cuidando a mi "chica lunar", o pensando:
"Qué otra cosa puedo hacer? Si no olvido moriré, y otro crimen quedará, sin resolver"
#fuerzagus

Não me venha com chinelagem.

Bacharelado e licenciatura - É pertinente saber.
Há os que saibam e os que não saibam, e há os que fazem de conta e pensam que são intelectuais.
O Bacharelado é um curso de graduação (que pode ser inclusive mais curto que uma licenciatura) que serve para formar pesquisadores. Faz-se necessário informar que tais pesquisadores, ao final do curso NÃO SÃO LICENCIADOS, NÃO SÃO DOCENTES, é dizer que não podem ministrar aulas (impartir clase, viste?).
Um bacharel, por exemplo, formado em Letras é um "tradutor intérprete", e só. Um licenciado em Letras, dependendo da habilitação é um professor ou de LEM (língua estrangeira moderna) ou de português, ou de ambas, e conforme o caso de "ambas literaturas". Pode dar aulas.
A informação é pertinente e nos auxilia para um entendimento simples, e suscita questionamentos básicos:
Se a pessoa fez a graduação como Bacharel, por que motivo passa a dar aulas?
Pode ter conhecimentos da língua e da literatura mas descarta assim, sem mais, os conhecimentos que deve ter na questão de ensino, as disciplinas de didática, organização de ensino, teorias de aprendizagem, o que com certeza otimizaria seu trabalho como professor.
"Pasa lo mismo" quando um nativo, semi nativo, ou alguém que experiencia a situação de passar alguns dias em países com idioma diferente do seu, resolve, ao voltar a seu país de origem e resolver dar aulas de L2 (língua meta, não a materna). Por que uma menina que ficou quinze dias na Disney, e fez Yazigi até o final, resolv fazer vestibular para nutrição pode ministrar aulas de Inglês, por exemplo. Pode ter conhecimentos da língua idioma, e inclusive saber algo de gramática, o que pode ser perfeitamente apoiado pelo material didático oferecido pela escola. Mas não poderia e nem deveria ocupar a posição de professor.
Também penso que um professor de um curso de Idiomas (por muitos anos dei aulas assim) é apenas um instrutor. Mas como dono de um desses cursos eu exigiria professores em vias de qualificação.
Não é concebível estudar administração e dar aulas de francês porque viveu em Montrèal. Se o indivíduo tem como meta ministrar aulas de uma L2, deve no mínimo saber que sua formação é Letras (Licenciatura e não Bacharelado). Há, então, outra questão que gera controvérsias, diminuindo a Licenciatura, como se os professores estivessem distantes do intelectuais. Não, senhores, não estão. A formação é uma atividade interna, íntima, pessoal, e carrega consigo questões como auto atualização (Maslow, pesquise), segurança, vontade, amor próprio, entre tantas outras coisas que são tão necessárias a quem segue uma vida acadêmica mais longa.
Não é característico do Licenciado enveredar-se pelos caminhos da pesquisa científica, menos ainda no campo ainda tão pouco reconhecido como o das pesquisas em idiomas, sabemos todos. Não há, todavía (castellano, si, ¿por que no?) grandes interesses em variantes linguísticas, identificação de representações sociais que influenciem as diferenças idiomáticas, traços que fortalecem o preconceito linguístico (leia o Bagno, please) entre tantas outras coisas que podem ser abordadas tanto em Língua Portuguesa, como na Língua meta. O mesmo ocorre em Literatura, tanto estrangeira, como Luso brasileira, são poucos os bacharéis dispostos (ou que não estejam ocupados dando aquelas aulas que não são de sua jurisdição) a fazerem pesquisas na área como sua habilitação determina e permite.
É senhores, formar-se como professor nem todo mundo quer, mas fazer um bico, um freela, um trabalho informal, muita gente aceita, muita gente quer e muita gente faz.
Qual a solução? Não sei, não sei, a dúvida foi semeada. Posicionamento é fato, e também é mato. Todo mundo opina, mas nem todos tem base para defenderem suas posições. Eu resolvo, por exemplo, contratando para minha escola apenas professores graduados nas licenciaturas, ou em vias de graduação. Exigindo, para meus filhos professores nas mesmas condições. Valorizando definitivamente os que tem formação específica para determinada área. Não adianta ser polivalente, saber se expressar em outro idioma, e estudar em outra área. É só se conhecer e fazer o que quer fazer, bem feito e de forma decente. Forme-se e seja feliz. Mas atue, na sua área sem prejudicar. Atue para o que sua formação permite e favorece. Permita que o outro, que teve esforço em graduar-se siga seu caminho e faça seu trabalho. Espaço há. Competência há. O que tem que ser mais usado é discernimento para que cada um ocupe o espaço que lhe é devido. E ocupar apenas o espaço que se tem. E... NÃO ME VENHA COM CHINELAGEM!
 
 

viernes, junio 04, 2010

Arcano 8 - A Coragem.

"A semente não pode saber o que lhe vai acontecer, a semente jamais conheceu a flor. E a semente não pode nem mesmo acreditar que traga em si a potencialidade para transformar-se em uma bela flor. Longa é a jornada, e sempre será mais seguro não entrar nessa jornada, porque o percurso é desconhecido, e nada é garantido. Nada pode ser garantido. Mil e uma são as incertezas da jornada, muitos são os imprevistos – e a semente sente-se em segurança, escondida no interior de um caroço resistente. Ainda assim ela arrisca, esforça-se; desfaz-se da carapaça dura que é a sua segurança, e começa a mover-se. A luta começa no mesmo momento: a batalha com o solo, com as pedras, com a rocha. A semente era muito resistente, mas a plantinha será muito, muito delicada, e os perigos serão muitos. Não havia perigo para a semente, a semente poderia ter sobrevivido por milênios, mas para a plantinha os perigos são muitos. O brotinho lança-se, porém, ao desconhecido, em direção ao sol, em direção à fonte de luz, sem saber para onde, sem saber por quê. Enorme é a cruz a ser carregada, mas a semente está tomada por um sonho, e segue em frente.Semelhante é o caminho para o homem. É árduo. Muita coragem será necessária"

Tarot do Osho.

martes, junio 01, 2010

(...cont)

ELCA – Tens segredos que tu estás escondendo, né?

Etienne – Claro, ou deixam de ser segredos.

ELCA – Tua filha é filha de algum famoso?

Etienne – Não, é minha filha, e pronto, e mesmo que fosse, não contaria.

ELCA – Podes citar nomes, ou preferências?

Etienne – Vamos ver se não nos complicamos... Sabe uma música que chama "Paixão"?

ELCA – Sei, sei sim...

Etienne – Foi feita para mim, tenho os manuscritos e tudo. Nesta época eu gostava das bandas gaúchas.

ELCA – Tem mais na cena gaúcha?

Etienne – Tem sim, na cena gaúcha tem muita gente, entre homens e mulheres, sempre tive preferência por bateristas e baixistas. Vocalistas eu gostei de vários, mas são meio fracos de "espírito". Escrevi muito nestes anos, junto com os irmãos Ramil, Hermes Aquino, alguns foram meus colegas na PUC. Na cena nacional, acabei saindo umas vezes com o Sidney Magal, que é um desbunde na cama, todo aquele fogo latino que ele apresenta é real. Mas, claro, sem ser do rock, não pontua. Beijei o Cazuza quando fui ao Rock in Rio 85, a morte dele foi uma perda muito grande... Eu sofri muito, e depois com medo de ser soropositiva, mas não, não sou, graças a Deus. Quase morri até pegar os exames. Tu sabes que em oitenta e cinco a gente nunca pensava em usar camisinha, mas assim que o Cajú morreu, comecei a usar com frequência, sempre.

ELCA – Mas engravidou.

Etienne – Sim, depois do teste apresentado pelos dois.

ELCA – Mostra fotos?

Etienne – Com certeza


Neste momento se vê uma mulher de quarenta anos revivendo a história, cuidadosamente ela pega uma caixa de dentro de uma estante e começa a mostrar fotos


Etienne – Olha, o pessoal do Biquini Cavadão, nossa, fui muito apaixonada pelo Bruno Gouveia, mas não dava certo, ele era apaixonado por uma moça já há muito tempo, acabei sempre ficando com o Álvaro que depois virou um grande amigo. Cássia Eller, olha... Nossa a Cássia era um guri, sempre dando uma cantadinha, mas super tímida, essa banda sempre foi ótima. Acabei ficando com o Fernando Nunes, ótimo baixista, mas tinha umas manias bizarras, e não era tão mais velho do que eu... Fiquei com ele muito antes dele tocar com a Cássia, acabei reencontrando nesse dia. Olha eu na Argentina, que país!

ELCA – Nasceste lá, não é?

Etienne – Sim, sim, e lá eu tive muitos encontros interessantes. O Charly, sim o García, sempre queria me ver nua, me tocava muito pouco, mas estava sempre tão drogado que não tinha condição.

O Gringui Herrera eu fiquei num dia muito particular, fizemos uma festinha com Gullermo Vadalá. Foi um belo encontro. Miguel Cantilo também, olha aqui... É na casa dele depois de um concerto no Luna Park. Um dia conheci os Delírios del Mariscal... Que era o tecladista de uma banda que já estava extinta, chamada Crucis. Olha "qué hermoso" mas ele era bissexual, pra mim era bom, acabava eu com dois homens, só nunca gostei de estar com um homem e mais uma mulher, aí não. Sou muito possessiva.

ELCA – E mais longe?

Etienne – Sim, sempre. Quando morei em Londres, sempre fazia festas com roqueiros ingleses, inclusive brasileiros perdidos, cheguei a ficar um final de semana em Glastonburry cheia de gente conhecida, cheguei a ter contato com Jack Nicholson e Jimmy Page. Contato íntimo. O Jimmy Page é tarado e muito engraçado. Depois morei um tempo na América Central, mas já estava velhinha. (risos)

Assim que para não me incomodar, uma dia depois de milhares de ligações, pedidos absurdos, imagina que tinha um famoso, e eu não vou citar, me mandou as passagens, e queria que fosse viver com ele na ilha. Não com ele, mas em um apartamento, que eu, inclusive ajudei a decorar, nós éramos noivos e tudo, mas um dia eu cansei. Queimei o passaporte... Sabe a música do Calamaro? "Te vi quemando el pasaporte com rabia..." Claro que também tivemos uma história eu e ele, mas Andrés sempre foi meu amigo, acabou compondo muitas coisas para mim, eu sou "media Verónica" e tantas outras coisas.

ELCA – E depois disso?

Etienne – Nesse meio tempo estudei, namorei sério, noivei algumas vezes e tive a minha filha. Casei, não com o pai dela, e por amor, mesmo. Me formei, tenho meu trabalho, cuido da minha casa e das minhas plantas. Escrevo muito, se me sobra inspiração. Senão, cuido dos meus negócio, administro a nossa vida familiar.

ELCA – Teu marido te conheceu assim?

Etienne – Me conheceu num show. Mas eu já tinha parado com "o crime" (risos)

ELCA – Ele é músico?

Etienne – (risos) É, em partes.. Podemos pular esta pergunta?

ELCA – Entendi, tem alguém que faltou?

Etienne – Tu sabes que figurinha repetida não completa álbum, algumas eu repeti e me faltou foi o tempo. Sempre tive uma queda pelo Gustavo Cerati e pelo Fito Páez, beijei, mas só... O que me deixou na vontade foi o Spinetta. Que é um gênio. E eu encontrei algumas vezes em casas de amigos, mas, nunca deu certo, de repente eu não fazia o tipo dele.

ELCA – Tem ainda contato com alguém?

Etienne – Sim, com quase todos esses, mas bem esporadicamente. Eu casei, eles casaram. Às vezes a gente se encontra ainda, mas em rodas sociais.

ELCA – E são encontros naturais, o teu marido não tem ciúme?

Etienne – Nós não falamos muito sobre isso, e pronto. Se ele tem ciúme ele disfarça, claro que sei que tem, mas não dou certeza, ele sabe que sim, mas eu não respondo. Digo que tem que ter orgulho, os roqueiros bons que eu fiquei e conheci são pessoas que tem muita estima por mim, e o contato íntimo foi só um detalhe. Se eu fiz, foi porque eu podia fazer.

ELCA – E parou?

Etienne – E faz tempo, muito tempo. Não quero ser caricata, nem ridícula, groupies tem no máximo vinte e cinco anos, talvez alguma seja interessante com trinta, não sei, mas se são as mais ousadas, e mais saideiras, que bebem e dão vexame, fica muito feio...

ELCA – Algum outro ramo das artes?

Etienne – Aiaiaiai, não me complica, guria. Sim. Sempre fui intelectual, e transava com gente inteligente pra ver se absorvia alguma sabedoria. Amei alguns escritores, cineastas, filósofos. Mas aí é mais história... E podemos conversar sem esse gravador, né?

ELCA – Entendi... (risos)

Assim desliguei o gravador e me deliciei com dedicatórias, fotos, livros recortes. Ela termina olhando uma foto e dizendo:


"As melhores fotos são tiradas por fotógrafos que nos amam, e nós nem precisamos amá-los"