miércoles, junio 09, 2010

Não me venha com chinelagem.

Bacharelado e licenciatura - É pertinente saber.
Há os que saibam e os que não saibam, e há os que fazem de conta e pensam que são intelectuais.
O Bacharelado é um curso de graduação (que pode ser inclusive mais curto que uma licenciatura) que serve para formar pesquisadores. Faz-se necessário informar que tais pesquisadores, ao final do curso NÃO SÃO LICENCIADOS, NÃO SÃO DOCENTES, é dizer que não podem ministrar aulas (impartir clase, viste?).
Um bacharel, por exemplo, formado em Letras é um "tradutor intérprete", e só. Um licenciado em Letras, dependendo da habilitação é um professor ou de LEM (língua estrangeira moderna) ou de português, ou de ambas, e conforme o caso de "ambas literaturas". Pode dar aulas.
A informação é pertinente e nos auxilia para um entendimento simples, e suscita questionamentos básicos:
Se a pessoa fez a graduação como Bacharel, por que motivo passa a dar aulas?
Pode ter conhecimentos da língua e da literatura mas descarta assim, sem mais, os conhecimentos que deve ter na questão de ensino, as disciplinas de didática, organização de ensino, teorias de aprendizagem, o que com certeza otimizaria seu trabalho como professor.
"Pasa lo mismo" quando um nativo, semi nativo, ou alguém que experiencia a situação de passar alguns dias em países com idioma diferente do seu, resolve, ao voltar a seu país de origem e resolver dar aulas de L2 (língua meta, não a materna). Por que uma menina que ficou quinze dias na Disney, e fez Yazigi até o final, resolv fazer vestibular para nutrição pode ministrar aulas de Inglês, por exemplo. Pode ter conhecimentos da língua idioma, e inclusive saber algo de gramática, o que pode ser perfeitamente apoiado pelo material didático oferecido pela escola. Mas não poderia e nem deveria ocupar a posição de professor.
Também penso que um professor de um curso de Idiomas (por muitos anos dei aulas assim) é apenas um instrutor. Mas como dono de um desses cursos eu exigiria professores em vias de qualificação.
Não é concebível estudar administração e dar aulas de francês porque viveu em Montrèal. Se o indivíduo tem como meta ministrar aulas de uma L2, deve no mínimo saber que sua formação é Letras (Licenciatura e não Bacharelado). Há, então, outra questão que gera controvérsias, diminuindo a Licenciatura, como se os professores estivessem distantes do intelectuais. Não, senhores, não estão. A formação é uma atividade interna, íntima, pessoal, e carrega consigo questões como auto atualização (Maslow, pesquise), segurança, vontade, amor próprio, entre tantas outras coisas que são tão necessárias a quem segue uma vida acadêmica mais longa.
Não é característico do Licenciado enveredar-se pelos caminhos da pesquisa científica, menos ainda no campo ainda tão pouco reconhecido como o das pesquisas em idiomas, sabemos todos. Não há, todavía (castellano, si, ¿por que no?) grandes interesses em variantes linguísticas, identificação de representações sociais que influenciem as diferenças idiomáticas, traços que fortalecem o preconceito linguístico (leia o Bagno, please) entre tantas outras coisas que podem ser abordadas tanto em Língua Portuguesa, como na Língua meta. O mesmo ocorre em Literatura, tanto estrangeira, como Luso brasileira, são poucos os bacharéis dispostos (ou que não estejam ocupados dando aquelas aulas que não são de sua jurisdição) a fazerem pesquisas na área como sua habilitação determina e permite.
É senhores, formar-se como professor nem todo mundo quer, mas fazer um bico, um freela, um trabalho informal, muita gente aceita, muita gente quer e muita gente faz.
Qual a solução? Não sei, não sei, a dúvida foi semeada. Posicionamento é fato, e também é mato. Todo mundo opina, mas nem todos tem base para defenderem suas posições. Eu resolvo, por exemplo, contratando para minha escola apenas professores graduados nas licenciaturas, ou em vias de graduação. Exigindo, para meus filhos professores nas mesmas condições. Valorizando definitivamente os que tem formação específica para determinada área. Não adianta ser polivalente, saber se expressar em outro idioma, e estudar em outra área. É só se conhecer e fazer o que quer fazer, bem feito e de forma decente. Forme-se e seja feliz. Mas atue, na sua área sem prejudicar. Atue para o que sua formação permite e favorece. Permita que o outro, que teve esforço em graduar-se siga seu caminho e faça seu trabalho. Espaço há. Competência há. O que tem que ser mais usado é discernimento para que cada um ocupe o espaço que lhe é devido. E ocupar apenas o espaço que se tem. E... NÃO ME VENHA COM CHINELAGEM!
 
 

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