martes, octubre 19, 2010

eu nem sempre entendo.

Sempre fui acostumada à autonomia.

Fazia sozinha, gerenciava problemas e melhores atitudes.

Estudei em colégio de freira, sim. O das melhores patricinhas da capital do RS.

E morava naquele bairro que fica lá no alto, como também as patricinhas precisam morar.

Sim, eu fiz ballet, e jazz e teste pra propaganda das lojas Alfred, eu li o Petit Prince

e contava a história do Pinóquio em italiano. Sim eu usava sainha plissada com meia 3/4,

era o uniforme da minha escola.

Eu tinha uns "zóião", sim. E ainda tenho, mesmo...

Maquiava, penteava e sonhava em ter o cabelo da Cláudia Raia... Em 85, pensa...

Passou e eu estudei na faculdade dessas mesmas patricinhas, com a roupa que me convinha,

sandália com meia, jeans e havaianas, uma coisa low profile, tênis de plataforma numa atitude meio clubber. Me deprimia, e chorava escondida, deitada no chão da área de serviço.

Troquei muitas coisas, de namorados a cursos universitários o que eu mais troquei mesmo foi a cor e o comprimento do cabelo. E isso segue... Do zero pro cabelão do roxo pro preto, vermelho e rubio platino.

Com 16 anos eu estava lá naquela faculdade, morava sozinha, usava algumas drogas ilícitas

que hoje em dia até parecem lícitas e me davam fome. Depois tomava remedinho que matava essa fome.

Tomava meu prozac de cada dia porque tava depressiva, santa ignorância!

Tomava Frontal pra dormir porque a outra boleta me deixava ligada.

Não trabalhava, até que meu pai me disse:

"Dinheiro? Pra fazer a unha? Isso é colocar dinheiro fora, depois estraga e se foi meu dinheiro!"

Comecei a trabalhar assim...

Já tive catapora, sarampo e sapinho na garganta.

Bisexual, todo mundo é, mas nem todos se descobrem, mas eu gosto taaanto do oposto.

E se eu uso calça prateada, cabelo chapado, brinco de argola, ou se eu uso tênis e calça de cetim, isso é por conveniência. Porque eu sou parte do sistema. Porque eu militei na rua,

porque eu chorei quietinha e às vezes eu gritei de raiva.

E se eu tive uma filha linda foi porque eu decidi assim. Pra nós duas, pra todos e pra mim.

Não vim pra esse mundo passeando, eu vim a trabalho.

Claro que combino sempre trabalho e lazer, mas o primeiro me leva bem mais tempo.

Não me deslumbro por moedas e não sei "guardar para mañana". Mas gasto muito em shampoo e condicionador, tênis e badulaques, gosto de bolsas, bolsinhas, mochilas e lenços. Tiaras, óculos de sol e óculos de grau. Eu gosto de metáforas e crianças. E de livros novos e antigos.

De fuscas vermelhos pra colar bolinhas pretas e fazer de conta que é uma joaninha.

E de desenhar, pintar e escrever. Putaria pra fazer escrever e ler. Não tomo mais remédio, nem floral, nem homeopáticos, nem aspirina. Gosto de álcool sexual, café holográfico e mate subliminar.

Gosto de jogos de palavras e palavras jogadas. Gosto do mesmo e sempre desse. Mas gosto de outros que moram nele também.

Não respeito gente sem personalidade, menos ainda quem assume coisas que não é e não tem.

Eu gosto de gente - "voy de los castillos a los callejones" mas gente que assume, se é na vila é na vila e "tamo junto no corre, truta" se é no bairro nobre, da igual... mas fingindo não, fingindo não dá pé!


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