martes, noviembre 23, 2010

Xiliques e tremeliques

Eu tenho calafrios, náuseas, medos e pavores. Eu tenho nojos, desgostos e sentimentos que quis guardar, mas não pude. Eu tenho crises, sonhos, aflições...
A moça de vestido de botijão é dotada daquela característica triste, porém risível: a canela grossa! A pesoa pode ter defeitos físicos de todo feitio, mas canela grossa é hilário.
A mesma moça largou o filho para o pai, como se fosse pacote, como se fosse uma trouxa de roupa lá na lavanderia. Largou e virou. E saiu. Não deu as horas, não deu bom dia, não contou da semana.
Reclama a presença daquele pai na vida do filho, mas o que oferece? Porque não ameniza esta dor? Não poderia o filho por acaso ter uma dor maior que a dela? Não, ela tem que ter toda a atenção para si. Oferece: Jogos, cartinhas, chicletes, distância e atenção controlada, medida e de pouco valor afetivo. Parecia que ela queria pra ela a atenção do pai. Egoísmo é muito triste e infantil.
A moça da canela grossa disse que se o filho reprovar a culpa será do pai. Prova que além de inescrupulosa é muito sem recursos. A culpa na verdade é dela. Por que? Ainda que responder o porquê não tenha cabimento, a resposta: A culpa é dela porque é a relação mais constante é a dela, porque mães ensinam a ler, mães dão colo e carinho, escutam, e riem. Mas a presença dela na vida desta criança é constante. É constante e dá pena da criança. Obviamente a moça de poucas luzes fala muito palavrão, pois é assim que o menino bonito de olhão grande se comporta. Logicamente a moça que quer ser inteligente só enxerga a si mesma e não oferece carinho para o menino de nome de índio, é visível pelas atitudes do menino que quer carinho e não consegue se expressar. Quando a moça que quer ser moderna pensar no seu filho como um ser a parte, um ser que tem necessidades, sonhos, desejos, escola e avião de papel. Quando ela se der conta de que ele aprende pelo exemplo, e ela, infelizmente é o pior exemplo de que ele pode ter conhecimento. Ela deverá ser humilde e dizer: "Não tenho condições de gerir a vida do meu próprio filho, por favor, faça-o por mim" E neste momento tudo vai se iluminar e ele vai morar aqui em casa. E eu vou seguir com meu tornozelo fininho, vou seguir sendo culta, inteligente, moderna, porque eu dedico meu tempo a aprender e reconhecer a necessidade das crianças e as minhas. Porque eu organizo o tempo delas e o meu de forma que seja bom estarmos juntos e que eles estejam aprendendo algo enquanto não posso estar com elas. Porque eu tenho útero de verdade. E esses hormônios ajudam a que a única mãe da história seja EU! Que sou meio travesti, que faço carão na 3x4, que rio, mas que sei fazer avião de papel como ninguém, e tenho um colo grande, um beijo grande, um peito grande. E dou colo pra sempre. Porque quando eu assumo um filho, quando eu assumo uma pesoa afetivamente isso é eterno. Criança não é brinquedo, criança é gente em tamanho pequeno, precisa ver gente em tamanho maior, que ama, e quer vê-la feliz, porque está de acordo com a criança que tem dentro de si. E tudo vira cantiga de roda.

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