martes, diciembre 28, 2010

A arte da maternidade

Criar filhos para serem independentes.
"Mãe, mas o que tu queria que eu fizesse? Tu tava parecendo um leão fazendo grrrrrrrrrrrr"
E ela tem razão, eu tava.
Meu interesse primeiro na vida é estar cercada de seres independentes, como eu também tive a ânsia de ser.
Nunca dependi de opinião, aprovação, auxílio. Quando eu pedi abraço sempre ganhei, sempre dei.
Ajuda para tarefas de casa, não. A minha velha mãe/miss/filha/professora/chorona diz: "Minha mãe nunca me ajudou com os temas".
E tá... Fazia, pesquisava, entregava. Pronto.
Eu achava tão estranho que quando saí de casa (eles que quiseram se mudar, eu não) a minha mãe chorava quando acabavam as férias e eu voltava para a minha casa bagunçada/minha cara/com tevê vermelha/paredes escritas.
A maternidade ensina.
Minha nena é a mais linda das criaturas vivas. Educadíssima, espirituosa, feliz, com olhos de jabuticaba que emocionam até estátuas.
Fazem sorrir o vô de bigode, que faz massagens relaxantes nos pés com o mais puro cabernet suvignon, e é o estudioso-único-aluno-suficientemente-paciente para fazer as provas e os trabalhos propostos pela doce figura tirana e afetiva. Cheia de ponderações, tiradas geniais, preferências e cabelos tão meus que são dela.
Nós sabemos reconhecer o bem que faz a ela viajar para o lado de lá da fronteira. Falar castelhano "simplemente porque la vida es así", ou porque "a ver, a ver".
Eu sei, entendo, e amo que pelo menos uma vez por ano ela possa estar na companhia daquela parte da família com quem ela é tão parecida.
Mas, como a maternidade é uma arte que se aprende, e eu aprendi das minhas mães, avós e bisavós... E eu entrei no quarto da minha Pucca, da minha Nanica, da Banana, Enana, Naná... e eu chorei, tudo por causa daquela maldita chuteira cor de laranja e os lápis de cor espalhados.
Porque senti falta dos porquês, das explicações sem fim, das teorias cabulosas sobre todas as coisas que existem. E sobre o Harry Potter, Fiuk, AC/DC, Ramones e Skate.
Sobre meu xampu de brilho gloss. E porque ela quis usar meu condicionador e agora ele tá rachado. Porque não precisa de grito, não precisa de palmada e nem de chinelo, se precisasse, talvez, mas nem isso. Porque eu tenho saudade, e mais da metade das coisas que eu faço não fazem o menor sentido sem ela.
Espero ansiosa que passem os próximos quinze dias.
 

1 comentario:

Ana Bittencourt dijo...

amiga, eu te entendo. te entendo e sou capaz de secar cada lágrima. ou juntar as minhas com as tuas. sei o que significa esse amor turbilhão que nos rasga por dentro, cada vez que ficamos sem o brilho dos olhinhos abertos para o mundo.
sou solidária. ela logo volta. porque teu amor é o combustível da pequena nena que tanto te ama. fica bem.